Ganho compensatório, compensa mesmo?
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Ganho compensatório, compensa mesmo?

O ganho compensatório até hoje apresenta incógnitas, já que é resultado de diversas variáveis.

Ele pode ser definido como o crescimento animal acelerado pós período de restrição alimentar.

Ou seja, acontece quando os animais passam por um período de crescimento limitado pela quantidade ou qualidade do alimento fornecido e depois recebem uma dieta de alta qualidade à vontade.

No Brasil geralmente a restrição alimentar dos animais ocorre durante a seca devido à queda na produção de forragens.

O número de estudos envolvendo este tema é pequeno e com conteúdo muito simplificado, o que limita a interpretação sobre o crescimento dos animais.

Sabemos que o confinamento de bovinos de corte é uma atividade em expansão no Brasil.

E o ganho de peso dos animais confinados é um assunto extremamente discutido por técnicos e confinadores.

Para reduzir a idade média ao abate é necessário estabelecer metas de ganho de peso em todos os períodos.

Seja no período da seca, das águas ou na fase de terminação, mantendo assim a atividade competitiva.

O ganho compensatório esperado é o resultado de taxas mais elevadas do que o crescimento natural, após o período de restrição alimentar, na primeira fase do confinamento.

O crescimento compensatório e as proporções de músculo, osso e gordura são influenciados por fatores como:

  • Estágio fisiológico dos animais
  • Grupo genético
  • Idade do animal durante a restrição (animais muitos jovens podem não apresentar crescimento compensatório)
  • Duração e severidade da restrição alimentar
  • Padrão de crescimento durante a realimentação (qualidade da alimentação)

 

Conforme o peso do animal aumenta, mudanças acontecem na composição do ganho.

Onde passa a ocorrer maior deposição de gordura e menor deposição de proteína, provocando mudanças nas exigências dos animais

Algumas mudanças devem ser analisadas e realizadas no sistema produtivo, para que a antecipação da idade de abate ocorra.

O estresse nutricional causado pela limitação alimentar (quantitativa e qualitativa) impede que o animal expresse o seu potencial crescimento.

O ganho compensatório ocorre na fase posterior ao período de estresse, no qual o crescimento contínuo do animal foi comprometido.

Onde após a readequação do fornecimento de nutrientes, espera-se que o crescimento seja acima do normal em animais do mesmo tipo e idades semelhantes.

Algumas interações podem ocorrer para produzir um crescimento mais acelerado e eficiente após o período de restrição como:

  1. Maior consumo de ração
  2. Composição alterada de ganho
  3. Padrões alterados de utilização de energia

Confira no infográfico abaixo as linhas que ilustram um animal em crescimento contínuo e outro passando por restrições alimentares.

Ele demonstra um ganho de peso inferior após adequação da dieta, podendo ser observados três categorias de ganhos.

Infográfico: Crescimento contínuo X Crescimento compensatório

Crescimento Continuo X Restrito

Ganho total (A)

O ganho compensatório total raramente é observado.

Nessa situação os animais apresentam uma taxa de crescimento superior à dos animais que estavam em crescimento contínuo.

Sendo que o peso corporal final, no fim do período é maior, podendo atingir um peso de abate na mesma idade dos animais que não passaram por restrição.

Ganho parcial (B)

Cenário mais comum, é chamado de ganho compensatório parcial.

Onde a taxa de crescimento continua é superior, porém não é suficiente para igualar o peso corporal ao final do período.

Ou seja, ocorre o ganho, mas não suficiente para que os animais que passaram por restrição atinjam o mesmo peso de abate na mesma idade dos animais que não passaram.

Ganho nulo (C)

Neste caso não há ganho compensatório, fato que comumente ocorre.

Os animais apresentam a mesma taxa de ganho dos animais que não passaram por restrição sendo o ganho nesse caso, nulo.

Sendo assim os ganhos iguais ou menores, faz com que seja atingido o peso de abate em idades bem mais avançadas.

 

Mudanças observadas durante o crescimento compensatório:

  • Maior ingestão de alimentos
  • Redução do tamanho dos órgãos internos
  • Recuperação do conteúdo gastrointestinal
  • Menor exigência de energia para manutenção
  • Mudanças na composição corporal

É difícil ser preciso ao estimar as reais exigências nutricionais de um animal em ganho compensatório.

Durante essa condição, aporte energético restrito, o animal busca adaptação pela diminuição de energia metabólica necessária para manutenção.

Além do maior aproveitamento energético dos nutrientes disponíveis.

Portanto, adaptações como a diminuição do tamanho dos órgãos, acontecem para diminuir a exigência de mantença do animal.

Assim que essa redução e uma maior disponibilidade de energia ocorre, as taxas de ganho médio diário aumentam, em relação aos animais que não passaram por restrição.

No período de realimentação, após readequação da dieta, as mudanças adaptativas que ocorrem para poupar energia, são usadas para deposição de tecidos.

A realimentação com aumento energético é feita e promove o aumento de tamanho e de taxa metabólica dos órgãos.

Afinal o aporte de nutriente a ser metabolizado e a taxa de crescimento é maior.

A fase em que a energia permanece inferior à eficiência é importante, pois ela será elevada até que os animais se adaptem ao plano nutricional superior.

Esses animais comumente apresentam maior consumo de matéria seca, maior ganho de peso e menor ganho de carcaça.

O ganho compensatório pode não se mostrar vantajoso nesses casos.

O intervalo entre o aumento na taxa de deposição de tecidos e aumento no tamanho de órgão é algo indefinido.

Dessa forma não se sabe ao certo quanto do crescimento compensatório é expresso em carcaça ou em tecidos não-carcaça (órgãos).

Idade e estágio fisiológico do animal afetam diretamente o mecanismo adaptativo contra a restrição alimentar e o ganho compensatório.

Concluindo, o período de restrição faz o animal mais velho mobilizar parte da reserva corporal de modo a manter as atividades do organismo.

Em um segundo momento, modular o tamanho de órgãos, não havendo grandes restrições no crescimento da carcaça.

 

Produtor rural, entenda, o que interessa para você é a produção de carcaça.

Animais jovens como bezerros pré e pós desmama não devem sofrer restrição alimentar severa.

Já que podem ter seu crescimento comprometido reduzindo o peso na idade adulta e alterando sua curva de crescimento padrão.

Se atente a qualidade e quantidade do alimento oferecido após a restrição, ele dará suporte ao mecanismo que atua no crescimento compensatório.

O ganho compensatório ainda é uma ciência de difícil interpretação de resultados e desempenho animal.

Devemos ficar atentos aos muitos mitos que podemos ouvir a seu respeito.

Ficou com dúvida? Fale com um de nossos técnicos digitais, eles estarão prontos para lhe atender.

Matérias como essa você pode acompanhar por aqui, todas as semanas, no blog Premix.

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